“Dia do Cérebro”, com os Drs. Ricardo Teixeira e Leandro Teles – BDB Cultural
O uso da cafeína após a privação de sono nos deixa mais alerta, mas não resolve tudo. Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, acabam de publicar um estudo demonstrando que uma noite maldormida deixa o cérebro menos eficiente em tarefas que demandam atenção e outras funções executivas. Mostraram também que uma dose de cafeína tem o poder de melhorar o desempenho cognitivo apenas em tarefas que exigem vigília e atenção, mas não naquelas que exigem processamento executivo mais complexo. Os resultados são relevantes para profissionais que confiam na cafeína após a privação de sono. A chance de erro é maior.
Por outro lado, a cafeína pode amenizar a tendência a comportamentos de risco associados à privação de sono, independente do estado de alerta do indivíduo. A privação de sono deprime a função dos sistemas envolvidos no julgamento e percepção de risco e a cafeína minimiza esses efeitos negativos.
Uma pesquisa demonstrou, através de Ressonância Magnética Funcional e testes psicológicos, que uma noite sem dormir muda a forma como o cérebro processa a chance de ganhar ou perder. Uma noite com privação do sono provoca aumento de atividade cerebral em regiões que processam expectativas otimistas e reduz a atividade de outras que processam expectativas pessimistas. Além disso, os testes psicológicos evidenciaram que os voluntários se mostraram mais sensíveis a recompensas e com menor sensibilidade a consequências negativas.
As repercussões desse tipo de mudança de comportamento do cérebro não devem ser tão inocentes. Já sabemos que problemas de sono só perdem para o álcool como causa de desastres no trânsito, especialmente pela redução da atenção e dos reflexos. Imaginem se ainda adicionamos uma pitada de comportamento valente e de risco.
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
Um estudo recém-publicado pelo periódico Frontiers in Nutrition aponta que uma bebida cor de rosa permite maior resistência e velocidade durante uma corrida. E esse efeito aconteceu apenas com o contato do liquido na cavidade bucal, sem ingestão.
É a primeira vez que se demonstra o efeito da cor de uma bebida no desempenho esportivo. O aumento da velocidade e da distância percorrida foi de 4.4% e houve uma sensação de maior bem-estar no treino que fez com que o exercício parecesse mais fácil. A bebida cor-de-rosa foi comparada a outra transparente, ambas sem qualquer teor calórico, com o mesmo sabor adocicado (sucralose). A cor rosa foi escolhida por criar a expectativa de que a bebida é mais doce, mais calórica, o que já foi demonstrado em diversas culturas. Os próprios voluntários do estudo acharam que a bebida rosa era mais doce.
Pesquisas anteriores já tinham revelado que o bochecho de bebidas com baixo teor calórico durante uma atividade física melhora o desempenho por reduzir a percepção da intensidade do exercício, o que também foi demonstrado no presente estudo. Só que desta vez sem calorias e com o visual rosa, ambos atributos funcionando como placebo. O contato de bebidas com algum teor calórico com a mucosa oral é capaz de estimular o sistema de recompensa cerebral, além de criar a expectativa da ingestão calórica que inibe os circuitos centrais associados à fadiga. E o efeito é ainda maior se o líquido é cor-de-rosa, mesmo se não tiver calorias!
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília