Cérebro em forma: como manter a saúde mental e cognitiva depois dos 50 anos

Confira a matéria da jornalista Roberta Malta do Jornal o Globo sobre como manter a saúde mental e cognitiva depois dos 50 anos. Dr. Ricardo Teixeira, neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília, participa da matéria com dicas para manter o cérebro afiado nessa época da vida.


Por Roberta Malta , Jornal o Globo.

Com a expectativa de vida cada vez mais alta, cresce também a preocupação em manter a mente ativa, saudável e funcional. A partir dos 50 anos, o cérebro passa por mudanças fisiológicas que impactam a memória, a atenção e a velocidade de processamento. No entanto, especialistas garantem: com hábitos bem fundamentados e um olhar mais gentil para o próprio envelhecimento, é possível preservar (e até melhorar!) a saúde mental e cognitiva.

Para o neurologista Ricardo Afonso Teixeira, doutor pela Unicamp e médico do Instituto do Cérebro de Brasília (ICB), é fundamental compreender o que faz parte da passagem natural do tempo e o que pode ser sinal de alerta para doenças como o Alzheimer.

Com 20 anos, as pessoas já se queixam de esquecimentos. Mas existe uma diferença entre, uma vez ou outra, não lembrar o que foi pegar na geladeira e repetir a mesma história a cada dez minutos”, observa.

Ele destaca o isolamento social como um dos grandes vilões da saúde, sobretudo durante o processo de envelhecimento. “A solidão pode aumentar significativamente o risco de desenvolver doenças degenerativas”, alerta.

E a recíproca também é verdadeira. Segundo o psiquiatra Fernando Fernandes, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), o cérebro mantém sua plasticidade até o fim da vida, e a maturidade pode minimizar possíveis perdas. Por isso, há a necessidade de mantê-lo ativo e socialmente estimulado. “É como um computador mais lento, mas com muito mais dados armazenados. A experiência compensa a perda de velocidade no processamento”, compara.

Há, no entanto, alguns sinais de alerta que não devem passar despercebidos.

Fique atento a alguns sinais de alerta:

Repetir perguntas, perder-se em locais familiares, ter dificuldade para lidar com finanças ou esquecer a função de objetos cotidianos são alguns exemplos que merecem atenção, segundo os especialistas.

“Esses sinais não devem ser normalizados. Se estiverem atrapalhando a rotina, é hora de procurar ajuda médica”, aconselha o psiquiatra.

Estimulando o Cérebro

Hábitos saudáveis são capazes de preservar a saúde cerebral, e nunca é tarde para investir neles. Aqui entra um conjunto de pilares amplamente reconhecidos: atividade física regular, sono de qualidade, alimentação equilibrada e conexões sociais.

“Não adianta só fazer palavras cruzadas. O cérebro precisa de novidade, desafio, variedade”. Aprender um novo idioma, tocar um instrumento ou fazer cursos contribuem para a chamada reserva cognitiva, que funciona como um escudo contra o declínio, destaca Fernando. O cérebro precisa ser desafiado com novas atividades para aumentar a reserva cognitiva. Para isso, vale se matricular em cursos de diferentes áreas, por exemplo.

E é importante que essa estimulação inclua o encontro com outras pessoas. “Vale tudo: jogar dominó na praça, fazer aulas de memória ou simplesmente sair com os amigos para conversar”. “A sociabilidade é um fator de proteção poderoso”, completa Ricardo.

Outro pilar crucial, a saúde física é essencial para manter o cérebro ativo. Doenças como hipertensão, diabetes, colesterol alto e sedentarismo têm relação direta com o risco de demência, especialmente o Alzheimer. A prevenção passa por cuidar do coração, da mente e do corpo como um todo. “Metade está na genética, mas a outra metade está nas nossas mãos”, aponta o neurologista.

Transições típicas dessa fase da vida, como a aposentadoria ou a chamada “síndrome do ninho vazio”, podem representar riscos emocionais se não forem encaradas com planejamento e acolhimento. “É fundamental ressignificar essas mudanças. Encará-las como novas fases, com novos interesses e oportunidades, não como perdas. Isso ajuda a manter o equilíbrio psíquico e evita o surgimento de quadros depressivos”, observa Fernando.

Crédito foto: IA Gemini, criada com base no artigo.

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