Covid longa tem se mostrado cada vez mais como uma doença neurológica
Covid longa, que podemos também chamar de sequela pós-infecção aguda por covid-19, já tem mais de 200 sintomas registrados, mas aqueles associados à disfunção do sistema nervoso estão entre os mais prevalentes e incapacitantes. Na maioria das vezes, os sintomas ocorrem mesmo após um quadro agudo da doença leve, devem durar pelo menos três meses após a infecção e podem persistir por anos. Estima-se que de 10% a 40% dos infectados podem desenvolver covid longa.
Sintomas comuns incluem fadiga, dificuldade de memória e concentração, hipersensibilidade à luz e ruÃdos, ansiedade, depressão e alterações do sistema nervoso autônomo, que podem levar a tonturas, taquicardias, desmaios, instabilidades da pressão arterial e distúrbios do ritmo intestinal.
Não é o ataque direto do vÃrus que provoca essa mirÃade de sintomas, mas provavelmente uma resposta imunológica desregulada e inflamação sejam os principais fatores. PartÃculas do vÃrus são mais encontradas no cérebro das pessoas que têm essas manifestações crônicas. Alterações nos pequenos vasos sanguÃneos do cérebro parecem colaborar também e, junto aos neurônios e aos astrócitos, todos são vitimados pelo processo inflamatório.
A vacinação é imperativa para a redução dos perigos de uma infecção aguda grave, mas estima-se que só reduz a chance de desenvolvimento da covid longa em 15%. Portanto, o melhor negócio é não se infectar e, para isso, o uso de máscaras em ambientes fechados ainda é um grande aliado. Continuo recebendo frequentemente no consultório pacientes que se infectaram pela terceira ou quarta vez, sendo que a última há menos de três meses.
E então? Melhor é continuar se prevenindo, concorda?
Por Prof. Dr. Ricardo Teixeira
Matéria publicada originalmente no site do Correio Braziliense.
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