Dieta e outras dicas para se ter menos crises de enxaqueca

O tratamento da enxaqueca não se baseia só em remédios. O controle das crises é muito sensível a diversas medidas não farmacológicas.  

O cérebro de uma pessoa com enxaqueca excita-se com mais intensidade do que o normal a diferentes estímulos externos (ex: luminosidade) ou internos (ex: privação de sono). São inúmeros os estímulos capazes de desencadear crises de enxaqueca. Porém, a resposta a cada um deles é muito individual e por isso listas de proibições rígidas podem ser mais penosas do que benéficas ao paciente.

Habitualmente, um estímulo deve ser reconhecido como fator desencadeante de crises num determinado indivíduo quando provoca crises em mais de 50% das vezes dentro de 24h após a exposição ao estímulo. É recomendável que cada indivíduo identique seus fatores desencadeantes e tente evitá-los. Entretanto, algumas atitudes podem ser recomendadas a qualquer pessoa que tenha crises de enxaqueca:

› Reduza o estresse no dia a dia;

›Tente dormir sempre o mesmo número de horas por dia: evite tanto a privação como o exagero de sono;

› Faça suas refeições em horários regulares: evite o jejum prolongado;

› Evite alimentos identificados como desencadeantes de crises;

› Evite o consumo de álcool, especialmente vodka e vinho tinto;

› Evite o excesso de cafeína. Porém, não suspenda seu consumo de cafeína de um dia para o outro;

› Evite a exposição a luzes, ruídos e cheiros fortes;

› Faça exercícios físicos moderados pelo menos 5 vezes por semana. Evite atividade física exagerada e em horários muito quentes;

› Não deixe de beber sempre muita água: a desidratação é um fator desencadeante de crises.

Quanto à dieta, é bom conhecer as substâncias que são frequentemente associadas a crises de enxaqueca, e em quais alimentos você as encontra. Alguns estudos demonstram que entre 7 a 30% dos pacientes reconhecem algum alimento como fator desencadeante de crises, sendo os mais comuns: chocolate, queijos, frutas cítricas e bebidas alcoólicas.

Uma boa parte das substâncias envolvidas pertence à família das aminas biogênicas, produtos naturais do metabolismo de plantas, animais e microorganismos, como é o caso do processo de fermentação de alguns alimentos (ex: vinho, queijo). Os mecanismos de ação dessas substâncias incluem a provocação dos vasos cerebrais (vasoconstrição ou vasodilatação), estímulo de liberação de neurotransmissores assim como estímulo direto aos centros e vias nervosas envolvidas no processo da enxaqueca. Há também evidências de que fatores alérgicos possam estar associados, tema que ainda é bastante controverso.

Uma revisão de 180 artigos da literatura sobre dieta e enxaqueca publicada pelo periódico Headache nos traz uma boa discussão sobre o assunto. Além de recomendar o reconhecimento de alimentos que provocam crises em uma determinada pessoa, a revisão chama a atenção para três tipos de dieta que são potencialmente benéficas para o controle da enxaqueca: 1) com baixo teor de carboidratos; 2) com baixo teor de gorduras; 3) rica em ômega-3 (e.g., peixes, castanhas) e pobre em ômega-6 (e.g., óleos vegetais, como o óleo de soja). Esses dois últimos tipos de dieta acabam de ser confirmados como benéficos para redução da frequência e intensidade das crises em artigo publicado pelo prestigiado periódico British Medical Journal. Estudos em roedores já haviam demonstrado que gorduras do tipo ômega-3 têm efeito protetor contra dor nas terminações do nervo trigêmeo enquanto as gorduras do tipo ômega-6 têm efeito contrário.    

Não custa lembrar também que alimentos industrializados costumam ser um mau negócio para quem sofre de enxaqueca.

 

Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN Brasília:

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