Os homens têm menos Alzheimer que as mulheres, apesar de terem redução mais rápida do cérebro

Pesquisas mostram que, após o diagnóstico de Alzheimer, o público masculino têm um melhor desempenho em diferentes domínios cognitivos como a memória.

Pesquisa publicada esta semana pelo Proceedings of the National Academy of Sciences aponta que, entre idosos saudáveis, os homens têm a redução do volume cerebral mais rápida que as mulheres. Entretanto, isso não significa que eles são mais propensos a desenvolver a Doença de Alzheimer. Tamanho nem sempre é documento. Estima-se que 2/3 dos casos da Doença de Alzheimer ocorram entre as mulheres.

As mulheres vivem mais, mas parece que existem outros fatores biológicos que ajudam a explicar essa diferença. Muitos candidatos estão na fila, mas sem resultados conclusivos até o momento. Um deles é a redução dos níveis de estrogênio com a menopausa. Isso pode potencializar o risco de uma mulher que já é geneticamente predisposta a apresentar a doença.

Outra possível explicação é o efeito protetor da educação formal. Apesar das diferenças educacionais entre os gêneros terem diminuído fortemente nos últimos anos, elas ainda existem em muitas regiões do mundo, especialmente em populações mais idosas.

Uma diferente resposta ao estresse e a maior prevalência de ansiedade e depressão entre as mulheres podem fazer a diferença. Eventos desgastantes como doenças, divórcios e problemas no trabalho parecem aumentar o risco de demência entre as mulheres, mas o mesmo não acontece com os homens. O estado de ansiedade de uma mulher aumenta as chances de desenvolver a doença e essa associação não foi demonstrada entre os homens.

Além disso, a doença é mais agressiva no caso delas. As pesquisas mostram que, após o diagnóstico de Alzheimer, os homens têm um melhor desempenho em diferentes domínios cognitivos como memória, habilidades visuoespaciais e até mesmo linguagem, função esta que as mulheres levam vantagem sobre os homens quando se pensa em indivíduos saudáveis.

A chance de apresentarmos um quadro de demência chega a 25% após os 80 anos, 50% após os 90, sendo que a causa mais comum é a Doença de Alzheimer. Ela é mais frequente entre as mulheres e as evidências apontam que as lesões cerebrais associadas à doença têm maior repercussão clínica entre elas. Essas pesquisas solidificam o conceito de que a doença nas mulheres é mais agressiva.

Falando de gênero e Alzheimer, mulheres cuidam de parentes com a doença de Alzheimer 2.5 vezes mais que os homens e em 20% dos casos têm que abandonar o trabalho.

*Dr. Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília.
Crédito foto: PEXELS

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