Que tal um programa para exercitar seu estado de felicidade?
Por Dr. Ricardo Afonso Teixeira*
O que é felicidade? Desde a Antiguidade, colecionamos incontáveis definições, mas uma que pode nortear bem nossa conversa é a seguinte: as pessoas são mais felizes quando têm um dia a dia com predomínio de emoções positivas e também estão satisfeitas com o curso da própria vida.
Pesquisas realizadas com gêmeos têm demonstrado que existe sim, um, componente genético da felicidade. Cada um tem um nível básico de felicidade, maior em alguns, menor em outros. Essa influência genética pode ser comparada à tendência que algumas pessoas têm em estar sempre com o peso corporal em dia, independentemente dos altos e baixos da vida.
Esse perfil genético pode corresponder a 50% do grau de felicidade de uma pessoa, outros 10% têm a ver com as circunstâncias da vida (ex: inserção profissional e estado de saúde), e ainda temos uma margem de 40% daquilo que podemos exercitar para termos percepção que estamos mais felizes.
Atividade física faz bem ao corpo e à mente e hoje as pessoas falam com muita naturalidade sobre força, resistência, exercícios para as pernas, braços, abdome, etc. Existe outro tipo de treino que realmente incrementa nosso estado de felicidade de forma mais sustentada. Outras atividades, como se fosse um programa fitness de felicidade. E isso funciona num círculo virtuoso: quanto maior a regularidade dos exercícios, maior a percepção de felicidade, e quanto maior o estado de felicidade, maior a disposição para os exercícios.
E qual é a melhor série de exercícios, qual o melhor treino? Boas doses de otimismo, altruísmo e gratidão são reconhecidas como caminhos dos mais férteis para estimular esse estado de felicidade. Além disso, para seguirmos a vida satisfeitos com seu curso, precisamos navegar. O filósofo Sêneca nos deixou o famoso pensamento: “Para aqueles que não sabem para que porto vão, nenhum vento é bom”.
Além do bem-estar psicológico, o estado de felicidade traz outros benefícios não só ao indivíduo, mas à sua família, comunidade e à sociedade de forma mais ampla. Pessoas mais felizes têm melhor desempenho profissional e melhores oportunidades, têm mais sucesso nas relações interpessoais, mais energia e saúde, o que inclui um melhor perfil imunológico, menor nível de estresse e maior longevidade. Pessoas mais felizes são mais criativas, autoconfiantes, altruístas e generosas, têm o hábito de praticar atividade física e são mais espiritualizadas. Não é pouca coisa, hein?
*Dr. Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília.
Matéria originalmente no site do Correio Braziliense.
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