Nossos sonhos estão diferentes neste perÃodo de pandemia
A relação entre os sonhos e a experiência do medo tem sido mostrada ao longo do tempo em diversas culturas. O que os nossos ancestrais interpretavam como conselhos de divindades, hoje a neurociência e a psicologia enxergam nos sonhos um mecanismo cerebral de processamento de emoções negativas com chance de aprendizado para preparar o indivÃduo para os desafios do dia a dia.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, têm desenvolvido técnicas para interpretação do sofrimento humano através de aplicativos que analisam as entrelinhas dos relatos de sonhos. Eles analisaram, com a ajuda de softwares, áudios que voluntários gravaram em seus smartphones sobre o conteúdo dos seus sonhos no ano de 2019 e nas primeiras semanas do anúncio da pandemia em 2020.
Os resultados mostraram que os sonhos durante a pandemia eram mais relacionados a sentimentos negativos como tristeza e agressividade quando comparados aos sonhos antes da pandemia. No perÃodo da pandemia, a narrativa dos sonhos trazia mais ideias de contaminação e limpeza e as pessoas que expressavam esses conteúdos de forma mais robusta eram os que tinham maior dificuldade em se se adaptar à quarentena e que apresentavam maior sofrimento psÃquico.
Outros estudos têm mostrado que as pessoas têm sonhado mais e dois conteúdos bastante recorrentes nos sonhos têm sido ameaças de outras pessoas e tarefas mal executadas, como perder o controle da direção de um automóvel. Uma pesquisa realizada com 100 enfermeiros em Wuhan na China apontou que 45% estavam apresentando pesadelos, cifra duas vezes maior que a de pacientes psiquiátricos e muitas vezes maior que os 5% da população geral.
Estamos longe de um normal, não é?
Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN BrasÃlia: