Um animal de estimação pode proteger o cérebro e muito mais
O encontro anual da Academia Americana de Neurologia apresentará, no inÃcio de abril, os resultados de uma pesquisa conduzida nos EUA apontando que ter um animal de estimação reduz o declÃnio cognitivo quando ultrapassamos os 60 anos. Após seis anos de seguimento de 1369 adultos, com média de idade de 65 anos, aqueles que tinham um pet em casa, especialmente quando por um tempo maior que cinco anos, apresentavam desempenho em testes cognitivos com declÃnio mais lento. No Japão foi demonstrado recentemente que ter um cachorro, e não um gato, reduz pela metade a chance de incapacidade após os 65 anos, efeito ainda mais robusto entre aqueles que praticam atividade fÃsica. Uma maior interação social também explica, em parte, esse efeito protetor dos cães.
Sabemos que adultos que têm um animal de estimação em casa costumam ser mais integrados à comunidade. Quanto mais um adulto participa do cuidado com o bicho de estimação, mais atitudes altruÃsticas ele tem na comunidade e entre amigos e familiares. Quanto maior a conexão com os bichos, maior a empatia com as outras pessoas e autoconfiança.
Em 2017 a prestigiada revista Scientific Reports do grupo Nature publicou os resultados de uma pesquisa que envolveu três milhões e meio de indivÃduos na Suécia acompanhados desde o ano de 2001. Aqueles que tinham um cachorro como animal de estimação viveram mais! Tiveram menor incidência de doenças cardiovasculares, mas também de outras doenças. O interessante é que os que moravam sozinhos com o cachorro foram os que mais se beneficiaram. Além disso, esse efeito protetor foi maior entre os que tinham cães de caça.
Já tÃnhamos evidências que essa ligação entre os humanos e os animais é capaz de promover uma redução nos nÃveis da pressão arterial e do estresse. Pesquisadores de Nova Iorque demonstraram que pacientes que têm cães sobrevivem mais após passado um ano de um infarto do coração. Nos últimos anos, diferentes grupos de pesquisadores evidenciaram que os indivÃduos que têm cães apresentam um menor nÃvel de alterações cardÃacas provocadas pelo estresse.
E os efeitos positivos dos animais de estimação não param por aÃ. Há evidências de que a presença do animal está associada a uma menor procura por consultas médicas pelos indivÃduos idosos e menor incidência de depressão.
As crianças também se beneficiam da presença do animal. Os cachorros são ótimos para o equilÃbrio psÃquico delas em situações estressantes. Durante uma prova de estresse em laboratório, a presença do cão de estimação conferiu uma resposta de estresse menor até mesmo quando comparada à presença dos pais.
Não estou advogando pela substituição dos amigos pelos animais. Entretanto, é razoável hoje em dia recomendar a uma pessoa com poucos contatos sociais, e que goste de animais, que não deixe de experimentar viver com um animal de estimação, pois ele pode fazer muito bem à nossa saúde do corpo e da mente. Também não estou querendo minimizar os efeitos positivos de um gato em casa, mas os estudos até o momento sugerem que os cães realmente parecem trazer impactos mais robustos que os gatos à saúde humana.
Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN BrasÃlia: