Uma mentira leva a outra. Como isso funciona no cérebro?

Estima-se que as pessoas contem em média duas mentiras brancas por dia. Mentira branca é aquela que tem sua função social de não insultar o outro, como falar que o prato está ótimo, quando na verdade está muito salgado. Entretanto algumas pessoas têm o hábito compulsivo de contar mentiras, muitas vezes enganosas e maliciosas. E quanto mais se mente, mais fácil fica para o cérebro continuar mentindo.


Nosso cérebro tem um mecanismo de alarme que acende a “luz vermelha” quando fazemos algo de perigoso, errado ou imoral. Contar uma mentira tem o poder de disparar esse alarme, ativando as amígdalas das regiões temporais. Uma elegante pesquisa publicada no periódico Nature Neuroscience demonstrou como o cérebro colabora para o fenômeno de uma mentira levar a outra.

Pesquisadores do University College of London estudou através de ressonância magnética funcional os cérebros de 80 voluntários durante um jogo em que eles tinham a possibilidade de mentir para aumentar as chances de ganhar. Uma pequena mentira era capaz de estimular as amígdalas, e à medida que novas mentiras iam sendo contadas, as amígdalas iam ficando menos estimuladas, iam adormecendo. Com as amígdalas adormecidas, o cérebro ficaria mais encorajado a contatar mentiras mais robustas. E foi exatamente isso que os cientistas encontraram: à medida que eles iam mentindo, as amígdalas iam se apagando e as mentiras ficavam cada vez mais ousadas. Fico aqui pensando nas amígdalas de alguns depoentes da CPI da COVID. Adormecidas é pouco. Elas devem estar em coma.

O presente estudo só testou o ato de desonestidade, mas o mesmo poderia ser aplicado à tomada de atitudes de risco e comportamento violento. Isso ainda precisa ser testado.

 

 

Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN Brasília:

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