Vida social deve fazer parte da prescrição médica
A solidão aumenta o risco de demência, doenças cardiovasculares, sono de má qualidade, deficiência imunológica, depressão e ainda faz a pessoa morrer mais cedo. Será que esses efeitos da vida solitária podem ser explicados pela ausência de “cães de guarda”, pessoas que estimulam bons hábitos e reprimem maus hábitos? Pode até ser, mas parece que existem outras explicações.
Temos evidências que a solidão é capaz de mudar percepção, os pensamentos, a química e a estrutura do cérebro. Os solitários são mais sensíveis a experiências ruins como quando são apresentados a imagens de pessoas com expressão facial de dor. Exames de ressonância magnética funcional demonstram que o isolamento social faz com que as áreas do sistema de recompensa cerebral sejam menos ativadas quando provocadas com estímulos sociais o que explica a menor empolgação por um hipotético encontro.
Pesquisas com ratinhos mostram que o isolamento reduz hormônios cerebrais que modulam a agressividade e diminui também o processo de mielinização que é fundamental para a plasticidade cerebral. Influencia ainda a expressão de genes ligados a comportamentos ansiosos. Ratinhos que crescem solitários tem uma inibição no crescimento de novos neurônios em áreas associadas à comunicação e memória. Em um modelo de derrame cerebral provocado intencionalmente, os ratinhos solitários morrem mais do que os que cresceram com os companheirinhos.
Os médicos costumam lembrar seus pacientes de qualidade de sono, dieta e atividade física. Por que não incluir nesse roteiro uma “prescrição social”?