Canabidiol funciona na epilepsia, mas não faz milagre

Estudo revela que o derivado da maconha reduziu a frequência de crises epilépticas em 214 pacientes, mas a eficácia não é tão formidável como se imagina.


Canabidiol é um derivado da maconha que não apresenta efeitos psíquicos. Já contávamos com evidências fracas de sua utilidade no tratamento da epilepsia, mas, neste último mês, tivemos um estudo bem robusto publicado pelo periódico Lancet Neurology mostrando que sua eficácia existe, porém limitada.

O estudo mostrou boa tolerabilidade e capacidade de reduzir a freqüência de crises epilépticas em 214 pacientes com epilepsia de difícil controle com idades entre um e 30 anos. As crises se tornaram em média 30% menos frequentes após o início do uso da droga. Apenas dois pacientes tornaram-se livres de crises no período, mas 20 pacientes apresentaram efeitos colaterais severos como piora das crises epilépticas. O estudo foi conduzido por um ano em onze centros americanos de tratamento de epilepsia.

Um estudo duplo-cego já está em andamento, metodologia considerada “gold standard” para demonstração da eficácia de um medicamento. Nesse caso, nem o paciente, nem o médico, sabem se está sendo administrada a medicação ou placebo. Precisamos aguardar esses novos resultados para começar a encorajar os pacientes a usar o canabidiol em quadros de epilepsia de difícil controle.

Desde 2015, a ANVISA deixou de considerar o canabidiol uma substância proibida no Brasil e hoje a classifica como medicamento especial como os outros antiepilépticos. O canabidiol não é produzido no Brasil e o link para as normas de importação pode ser encontrado aqui.

Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN Brasília:

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