PaÃses que consomem mais chocolate têm mais vencedores do Prêmio Nobell
Flavonoides, substâncias abundantes em alguns tipos de vegetais, têm sido apontados como bons combustÃveis para o funcionamento cerebral, promovendo a melhora de funções cognitivas e até a redução do risco de demência entre os idosos. Esses efeitos parecem ser ainda mais pronunciados no caso de um subtipo de flavonoides chamado flavanol, muito presente no cacau, vinho tinto, chá verde e algumas frutas. É bem reconhecido que os flavanols têm o poder de melhorar a função dos vasos sanguÃneos, e pode ser que essa seja apenas uma das formas de como essas substâncias ajudam o cérebro.
O prestigiado periódico New England Journal of Medicine publicou há alguns anos uma pesquisa bem provocativa que procurou demonstrar se o consumo de chocolate, um dos principais alimentos ricos em flavanol, pode trazer vantagens cognitivas quando se pensa em nÃvel populacional. Para isso, foi analisada a possÃvel associação entre o número de Prêmios Nobel per capita de um determinado paÃs e o nÃvel de consumo de chocolate. Os resultados mostraram uma forte associação entre esses dois indicadores em diversos paÃses — quanto maior o consumo de chocolate de um paÃs, maior o número de ganhadores do Prêmio Nobel.
E então? É fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho? Um maior consumo de chocolate faz com que um determinado paÃs tenha mais estrelas intelectuais? Ou será que um paÃs com maior nÃvel educacional e econômico consome mais chocolate por ter mais dinheiro para gastar ou até mesmo mais consciência dos seus benefÃcios à saúde? Os resultados da pesquisa são legÃtimos, mas provavelmente só refletem uma associação entre uma cultura de se comer mais chocolate onde também existe uma forte cultura cientÃfica, sem qualquer relação causa e efeito.
*Dr. Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e neurologista do Instituto do Cérebro de BrasÃlia.
Crédito foto: PEXELS






