Empatia na relação médico-paciente deve ir além da gentileza e um tom de voz afetuoso

A boa comunicação entre médico e paciente é um dos maiores tesouros para o sucesso de um tratamento. Ela deve incluir gentileza, empatia, mas também alto grau de domínio técnico por parte do médico.


Sir William Osler, pai da medicina moderna, ensinava a seus alunos, ainda no século XIX, o conceito de imperturbalidade do médico. Esse termo pode ser entendido como o sangue frio que o médico deve ter para tomar a melhor decisão para o paciente, evitando que as emoções dificultem um diagnóstico e tratamento corretos. Osler ainda chamava a atenção para o fato de que a demonstração de muita emoção pelo médico pode abalar a confiança que o paciente nele deposita. Por outro lado, empatia, gentileza e simpatia são atributos que todo mundo espera de um médico. Como é que esses atributos podem se misturar com a imperturbalidade?

Empatia nesse contexto é a capacidade do médico em se colocar no lugar do seu paciente, o que não significa ter que chorar e rezar juntos. Empatia não é fácil de ensinar e pode-se argumentar que ela pode, em algumas circunstâncias, até atrapalhar a relação médico-paciente. Esse é um dos argumentos que fazcom que os médicos sejam orientados a não tratar o próprio filho ou outras pessoas com forte vínculo na vida pessoal. Já a gentileza é outra coisa, e esta não costuma concorrer com a imparcialidade necessária para tomar decisões.

O paraninfo de minha turma de medicina, Prof. Soares,dizia uma coisa que carrego ainda hoje: “A maior demonstração de empatia que você pode dar ao seu paciente é buscar compreender ao máximo o problema dele”. Esse comprometimento, no meu entender, é pura empatia e que não ameaça a tal imperturbalidade. Isso não é muito diferente deste pensamento do Arnaldo Jabor: “Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida”.

 

 

 

Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN Brasília:

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