Na sala de aula, aprende-se mais anotando no papel ou no laptop ?

O laptop na sala de aula tem suas vantagens sobre o papel, mas também tem desvantagens. Isso sem falar da concorrência de atenção quando a internet está conectada.


As pessoas conseguem digitar no computador um maior conteúdo daquilo que o professor fala que quando escrevem numa folha de papel. Mas será que o aprendizado de quem usa o laptop na sala de aula é melhor? Mais nem sempre é melhor.
 
Pesquisadores das universidades de Princeton e Los Angeles nos EUA têm demonstrado que os alunos aprendem mais quando anotam no papel. Eles testaram em centenas de alunos dessas duas universidades, após uma aula, a memória factual, compreensão do conteúdo e habilidade em sintetizar a informação. Metade anotava a aula no papel e a outra no laptop. Os que anotaram no papel realmente tiveram melhor desempenho.

Mas por que no papel é melhor? Como no laptop os alunos são capazes de digitar uma aula praticamente na integra, o trabalho é pouco reflexivo, exigindo do cérebro pouca atividade analítica e de síntese. Escrever no papel é mais lento e permite uma maior “digestão” do conteúdo, forçando o cérebro a capturar melhor a essência da informação.
 
Mas e se os alunos fossem instruídos a usar o laptop sem tentar copiar o que o professor fala? Não adianta. Os pesquisadores pediram que os alunos digitassem no laptop um conteúdo com as próprias palavras, mas não melhorou. Continuaram a escrever as palavras do professor e o desempenho foi o mesmo.
 
Mas será que por conseguirem digitar mais conteúdo, os usuários do laptop terão vantagens na hora de estudar para a prova uma semana depois? Também não. Mais uma vez a turma do papel se saiu melhor.
 
Se ainda formos comparar o papel com um laptop com a internet ligada, aí a goleada deve ser muito maior. Estudos mostram que os alunos usam 40-60% do tempo do laptop na sala de aula com “outras coisinhas” na internet. Um estudo recente da Universidade de Michigan State com estudantes de graduação em psicologia descortinou alguns números importantes sobre o assunto. Eles mostraram que os estudantes passavam dois terços do tempo na sala de aula ligados a atividades não acadêmicas na web, como redes sociais, email, compras, jogos, etc – 40 minutos a cada 100 minutos de aula. Como previsto, o desempenho acadêmico foi inversamente proporcional ao tempo de uso do laptop para fins não acadêmicos. Por outro lado, o uso da web como ferramenta de apoio ao aprendizado era usado por apenas 5 minutos dentro dos 100 minutos de aula. Além disso, os estudantes ainda passavam em média 27 minutos dos 100 digitando mensagens no celular. Desse jeito aprender passa a ser um milagre!

 

Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN Brasília:

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