Trabalhos remotos ou híbridos podem limitar sua capacidade de inovação?
Por Dr. Ricardo Afonso Teixeira*
Muitos encontraram maior equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal com os modelos de trabalho remoto e híbrido. É claro que isso importa não só para os colaboradores, mas também para as instituições. Mentes mais equilibradas e satisfeitas no trabalho significam maior produtividade, menor absenteísmo, menor rotatividade e talvez até mais inovação quando se pensa no médio e longo prazo.
O assunto inovação nesses diferentes esquemas de trabalho tem sua primeira análise empírica publicada na última semana no periódico Scientific Reports por pesquisadores da Universidades de Essex, na Inglaterra. Foi estudada uma plataforma interna de uma empresa de tecnologia na Índia que incentivava seus colaboradores a alimentá-la com ideias inovadoras.
Algumas eram aprovadas e executadas e outras descartadas. Os colaboradores que trabalhavam presencialmente foram os que mais alimentaram a plataforma com ideias inovadoras, à frente daqueles em modelos de trabalho remoto ou híbrido. E mais, foram os que tiveram as ideias mais aprovadas, tanto por supervisores como por clientes. Uma explicação para o resultado é a de que o contato presencial de uma equipe traz mais colaboração do que as interações virtuais.
Recentemente, e ironicamente, o CEO do Zoom, plataforma em que fazemos reuniões virtuais, decidiu que os colaboradores deveriam trabalhar mais presencialmente com o principal objetivo de recuperar os indicadores de inovação da empresa.É importante ressaltar que o modelo híbrido pode ter mais sucesso quando é bem gerenciado.
Em vez de ter colaboradores presentes na instituição de forma aleatória, alguns na segunda-feira e outros na terça, por exemplo, a definição de um ou mais dias na semana em que todos possam se encontrar pode trazer melhores resultados. Além da troca presencial com pessoas importantes em determinado projeto, o encontro com pessoas envolvidas em outros projetos e de outras áreas pode ser um combustível poderoso para novas ideias.
*Dr. Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp, professor do curso de medicina do Unieuro e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília.
Matéria originalmente no site do Correio Braziliense.
Crédito foto: Pexels